Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 20
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 20
Episódio do Velho do Restelo
Mas um velho, d'aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só d'experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cũa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
[…] Não tens junto contigo o Ismaelita,
Com quem sempre terás guerras sobejas? Não segue ele do Arábio a Lei maldita,
Se tu pola de Cristo só pelejas?
Não tem cidades mil, terra infinita,
Se terras e riqueza mais desejas?
Não é ele por armas esforçado,
Se queres por vitórias ser louvado?
Deixas criar às portas o inimigo,
Por ires buscar outro de tão longe,
Por quem se despovoe o Reino antigo,
Se enfraqueça e se vá deitando a longe;
Buscas o incerto e incógnito perigo
Por que a Fama te exalte e te lisonje
Chamando-te senhor, com larga cópia,
Da Índia, Pérsia, Arábia e de Etiópia!”.
Luís de Camões, “Os Lusíadas”, IV, 94-95; 100-101.
O “Velho do Restelo” constitui um episódio eloquente d’”Os Lusíadas”, com uma fortíssima mensagem política e filosófica.
Na Praia das Lágrimas, em Belém, no momento em que a armada de Vasco da Gama se preparava para zarpar, Camões coloca na boca de um “velho, d' aspeito venerando,” uma crítica muito forte em relação a tudo o que se está a passar: censura a “glória de mandar” e a “vã cobiça”, responsáveis por “mortes”, “perigos”, “tormentas”, “crueldades”, “desemparos”, “adultérios”, consumição “de fazendas, de reinos e de impérios”.
Pela boca do velho, o narrador aproveita, assim, para questionar a estratégia da expansão marítima até ao Oriente, manifestando, em alternativa, a predileção de determinados setores da sociedade portuguesa pela política africana: “Não tens junto contigo o Ismaelita / Com quem sempre terás guerras sobejas?”.
Esta é também a posição de Camões, apresentada na dedicatória ao rei D. Sebastião e nas estâncias finais d’”Os Lusíadas”, da nobreza e de uma parte da intelectualidade, na esteira de “Gil Vicente, Sá de Miranda, João de Barros, Damião de Góis ou António Ferreira.”
Ficcionalmente, este episódio acontece a 8 de julho de 1497. Na verdade, foi escrito mais de meio século depois, de tal maneira que, quando “Os Lusíadas” são publicados, em 1572, esta é uma aposta geoestratégica com muito peso.
À época, as dificuldades na Ásia portuguesa eram gritantes e a instabilidade dominava no Norte de África, situação que nos obrigava a estar muito vigilantes, não só quanto às praças que ainda nos restavam em Marrocos, mas até em relação ao próprio Algarve.
Neste contexto – escreve Isabel Rio Novo –, “o fanatismo do jovem rei e a sua obsessão pelo espírito de cruzada, cuidadosamente alimentada por uma certa franja da nobreza, foram, talvez, uma necessidade do tempo, com a qual Camões estaria essencialmente de acordo. Até porque, de certo modo, o projeto da conquista africana constituía uma possível solução para o beco sem saída em que a Índia se estava a tornar. Era o caminho que o Velho do Restelo apontava, contrapondo à conquista de um império comercial longínquo, consumirdor de ‘fazendas’ e de ‘reinos’, a possibilidade de ‘guerras sobejas’ contra um inimigo que estava ali ‘às portas’ e que era urgente combater.”
A expedição acabou mesmo por se realizar. Diogo Bernardes foi escolhido para acompanhar e cantar a vitória dada como certa. Camões também o desejou, mas não o conseguiu. Só que o sonho glorioso redundou na tragédia de 4 de agosto de 1578, em Alcácer Quibir…
“Assim que recebeu a notícia da derrota e da morte do rei, [Camões] rasgou as estâncias que tinha encetado quando a armada de D. Sebastião largara do Tejo. Quanto ao poema de Diogo Bernardes, não chegou a ser começado, porque o autor foi um dos prisioneiros”…
Tempos sombrios da História de Portugal. E também de Luís de Camões e do barquense Diogo Bernardes.
Fonte: Isabel Rio Novo, “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia
de Luís Vaz de Camões”, Lisboa, Contraponto, 2024, pp. 446, 467 e 544.
A Organização
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 19
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 19
Ao Conde do Redondo, Vice-Rei da Índia
Aquele único exemplo
De fortaleza heróica e de ousadia,
Que mereceu, no templo
Da eternidade, ter perpétuo dia,
O grão filho de Thétis, que dez anos
Flagelo foi dos míseros Troianos;
Olhai que em vossos annos
Produze huma orta insigne várias ervas
Nos campos lusitanos,
As quaes, aquellas doutas protervas
Medea e Circe nunca conheceram,
Posto que as leis da Mágica excederam.
[…] O qual está pidindo
Vosso favor e ajuda ao grão volume,
Que agora em luz saindo
Dará na Medicina um novo lume,
E descobrindo irá segredos certos
A todos os antiguos encubertos.
[…] Ajudai quem ajuda contra a morte,
E sereis semelhante ao Grego forte.
Luís de Camões, em Garcia de Orta, “Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia”, Goa, Ioannes de Endem, 1563. Disponível em http://purl.pt/22937, acedido em 14.02.2025
Este excerto da ode “Ao Conde do Redondo, Vice-Rei da Índia”, faz parte do primeiro poema de Luís de Camões impresso em letra de forma.
Também conhecido por “Aquele único exemplo...”, constitui o prefácio da obra, à época revolucionária, “Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia”, da autoria do conhecido médico e botânico Garcia de Orta, publicada em Goa, a 10 de abril de 1563, pelo tipógrafo Ioannes de Endem.
Garcia de Orta vivia na Índia há mais de três décadas e, em Goa, desde 1538. Foi aqui que conheceu e travou amizade com Luís de Camões, a quem pediu para prefaciar o seu livro.
O poeta fê-lo com uma ode dedicada ao Conde do Redondo, D. Francisco Coutinho, Vice-Rei da Índia, de quem era próximo, pedindo-lhe, precisamente,
“[…] favor e ajuda ao grão volume,
Que agora em luz saindo
Dará na Medicina um novo lume,
E descobrindo irá segredos certos
A todos os antiguos encubertos”.
“A 5 de novembro de 1562, D. Francisco Coutinho assinou o alvará que concedia a Garcia de Orta os direitos de publicação do livro”, por considerá-lo “muito proveitoso”.
Este é, aliás, um período feliz da vida de Camões no Oriente. Durante o vice-reinado do amigo Conde do Redondo, o poeta conseguiu libertar-se da sua habitual condição de penúria, ao ser nomeado para o cargo de Provedor dos Defuntos em Macau.
Para além da ode que agora nos ocupa, “Ao Conde do Redondo, Vice-Rei da Índia”, que constitui o prefácio da obra de Garcia de Orta (Goa, 1563), durante a vida de Luís de Camões somente foram publicados “Os Lusíadas”, em Lisboa, em 1572, e mais dois poemas: uma elegia e um soneto, ambos integrando a “Historia da Prouincia Sancta Cruz”, de Pero de Magalhães de Gândavo, impressa em Lisboa, em 1576. A restante obra do Poeta, nomeadamente, a sua vasta produção lírica, só foi impressa depois da sua morte.
Quanto a Garcia de Orta, faleceu em Goa, em 1568, ano em que Camões inicia o seu conturbado regresso à pátria.
Morreu, mas não descansou em paz! E isto porque, num auto de fé realizado 12 anos depois, Garcia de Orta foi condenado “post-mortem” por judaísmo – os seus restos mortais foram exumados e os seus ossos queimados na fogueira.
Foi em 1580, o ano da morte, em Lisboa, do seu amigo Luís Vaz de Camões…
Fonte: Isabel Rio Novo, “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões”, Lisboa, Contraponto, 2024, pp. 355-369.
A Organização
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 17
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 17
“(…) um bicho da terra tão pequeno?”
(…) Oh! Grandes e gravíssimos perigos,
Oh! Caminho da vida nunca certo,
Que, aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
No mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Luís de Camões, “Os Lusíadas”, I, 105-106
A narração n’”Os Lusíadas” principia com a armada de Vasco da Gama a meio da viagem (“in medias res”), já a chegar à Ilha de Moçambique, onde faz escala para se abastecer.
A partir daqui, assiste-se a um conjunto de atribulações, com ciladas, falsidades e traições que quase deitam tudo a perder, não fora a intervenção de Vénus.
Na Ilha de Moçambique, o chefe local, quando verifica, inspirado por Baco, que os Portugueses são cristãos, resolve destruí-los. E Gama, depois de ter sido atacado, traiçoeiramente, é enganado e recebe a bordo um piloto, com ordens para levar a armada a cair numa cilada.
Ao aproximarem-se da perigosa zona de Quíloa, Vénus afasta-os da costa por meio de “ventos contrários”, anulando, assim, a traição. O piloto mouro ainda faz outras tentativas, mas Vénus está atenta e impede que isso aconteça. A viagem continua para Norte e chegam à cidade de Mombaça, cujo rei fora avisado por Baco para os exterminar.
Face a tantas traições e a tantos perigos – ciladas, hostilidade disfarçada que ilude e alimenta esperanças –, o poeta não resiste a uma reflexão.
Termina o primeiro canto com uma consideração sobre a imprevisibilidade e a insegurança da vida e a fragilidade da condição do ser humano, “um bicho da terra tão pequeno”…, exposto a todos os perigos e incertezas e vítima indefesa do “Céu sereno” (I, 106).
Os perigos espreitam o ser humano (o herói), tão pequeno diante das forças da natureza, do poder da guerra e dos traiçoeiros enganos dos inimigos. Estamos no início da epopeia. Ver-se-á, no último canto, o décimo, até onde a ousadia, a coragem e o desejo de ir sempre mais além podem levar o “bicho da terra tão pequeno”…
Curiosamente, Camões repete este verso emblemático na canção “Junto de um seco, fero e estéril monte”, em que o sujeito poético reflete sobre a sua própria condição:
(…) Somente o Céu severo,
As Estrelas e o Fado sempre fero,
Com meu perpétuo dano se recreiam,
Mostrando-se potentes e indignados
Contra um corpo terreno,
Bicho da terra vil e tão pequeno. (…)
Quase cinco séculos passados, Camões continua intemporal, vivo e inspirador na análise da condição humana, na sua insegurança, fragilidade e contingência.
No século XVI e nos dias de hoje, Camões embarca Engenho e Arte!
A Organização
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 18
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 18
Camões: Embarca Engenho e Arte: “Ah! minha Dinamene! Assim deixaste”
Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!
Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?
Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!
Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?
Luís de Camões, “Lírica” (fixação do texto de Hernâni Cidade), Lisboa, Círculo de Leitores, 1980, p. 230.
Este soneto sobejamente conhecido expressa a profunda dor do sujeito poético pela perda de Dinamene, a sua amada, que morreu prematura e inesperadamente, a ponto de nem ter sido possível uma despedida: “Nem falar-te somente a dura Morte / Me deixou”.
Perante a separação definitiva, questiona o destino, o mar e a morte, que o privaram até mesmo de uma despedida, e realça que a saudade e o sofrimento causados por essa perda são tão intensos, que nenhuma tristeza parece suficiente para expressar a sua desolação, questionando-se se valerá a pena uma vida miserável, sem a sua amada.
Quem é Dinamene, aqui evocada pelo poeta?
São várias as interpretações que têm sido apresentadas “quanto à identidade deste nome, inclusivamente a de que corresponderia a uma das ninfas do mar, a que se referem vários escritores da Antiguidade”. Mas uma forte tradição biográfica de Camões, ainda que de contornos um pouco lendários, identifica-a como “uma jovem chinesa que teria perecido num naufrágio, no rio Mecom”.
No regresso de Macau a Goa, com escala em Malaca, Camões sofreu, de facto, um naufrágio, provavelmente perto do delta do rio Mecom, e perdeu quase tudo.
“Como escreveram os biógrafos antigos, Camões conseguiu salvar-se numa ‘tábua’, que tanto pode ter sido um bote como um pedaço de madeira convertido em jangada improvisada. Severim de Faria acrescentou que o Poeta tinha escapado a nado, rasgando as água com uma mão e segurando o manuscrito de ‘Os Lusíadas’ na outra” (Isabel Rio Novo).
E assim nasceu no imaginário nacional a figura heroica do Poeta, lutando para salvar uma obra que vale por uma literatura. Mas, neste “naufrágio triste e miserando”, como lhe chama na estância 128 do canto X, perdeu tudo o resto. Perdeu os bens que conseguira amealhar em Macau, onde tinha exercido as funções de Provedor dos Defuntos; perdeu o espólio dos defuntos à sua guarda; e perdeu a sua querida Dinamene, por quem chora neste soneto e em vários outros poemas…
Chegado, finalmente, a Goa, por volta de 1565 ou 1566, acabaria por ser acusado e condenado ao cárcere. Escreve Isabel Rio Novo que tudo indica que “não acreditaram que o naufrágio fosse a razão pela qual Camões não entregava os bens dos defuntos e por isso o prenderam”.
O Poeta ficou indignado com a injustiça. No meio de tantas agruras, só lhe resta a sua obra poética. E o desejo de a publicar.
A partir de agora, só pensa em regressar à pátria…
A Organização
Fontes: Porto Editora – “Dinamene na Infopédia” [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-07 09:16:47]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$dinamene
Isabel Rio Novo, “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões”, Lisboa, Contraponto, 2024, p. 387.
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 16
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 16
“O fogo que na branda cera ardia”
O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil que na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
Apagar seus ardores e tormentos
Na vista do que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.
Luís de Camões
Este soneto de Luís de Camões retrata o ardor do amor, comparando-o ao fogo que consome a cera.
O eu lírico expressa o desejo de “alcançar a luz que vence o dia”, num jogo semântico que explora “o fogo que na branda cera ardia” e a intensidade do “outro fogo do desejo”, que consome a sua alma.
Acontece que a inspiração para o poema resulta de um incidente do quotidiano. D. Guiomar de Blasfé, filha de D. Francisco Coutinho, o futuro 3.º Conde do Redondo, queimou os cabelos ao aproximar-se, descuidadamente, de uma vela ou, segundo uma outra versão, foi queimada no rosto por uma vela caída de um candelabro.
Camões dedicou ao acidente dois poemas célebres pelo seu tom humorístico, em que exalta a beleza da dama, “tão ardente e perigosa quanto a chama da vela”.
Para além do soneto, o outro poema é uma cantiga, em que o Poeta, face ao mote “Amor, que todos ofende, / teve, Senhora, por gosto, / que sentisse o vosso rosto / o que nas almas acende.”, escreveu a seguinte volta:
“Aquele rosto que traz
o mundo todo abrasado,
se foi da flama tocado,
foi porque sinta o que faz.
Bem sei que Amor se lhe rende;
Porém o seu prosuposto
Foi sentir o vosso rosto
O que nas almas acende.”
Não é difícil de imaginar o ambiente dos serões palacianos em que este tipo de poesia terá surgido. Nas palavras de Isabel Rio Novo, trata-se, de facto, “de poesias ligeiras ou de circunstância, que, tanto pelo estilo como pelas alusões que encerram, não seriam compreendidas fora desse meio ou não teriam interesse senão para os seus frequentadores.”
Poucos dias depois do aniversário do Poeta, que ocorreu no passado dia 23 de janeiro, celebramos o Camões da juventude. Camões a espalhar “Engenho e Arte” e humor pelos salões dos palácios de famílias importantes…
A Organização
Fontes:
Luís de Camões, “Obras Completas de Luís Vaz de Camões. II Volume – Lírica”, Lisboa, E-Primatur, 2019, pp. 170 e 99.
Isabel Rio Novo, “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões”, Lisboa, Contraponto, 2024, p. 101.
Justino Mendes de Almeida, “O Humor Camoniano: Aspectos psicológicos na poesia de Camões”, disponível em https://repositorio.ual.pt/server/api/core/bitstreams/aa2b098b-4501-477b-a54e-0df15b7c3570/content, acedido em 24.01.2025.